Direto da capital do forró, trazendo um surf music embalado por doses nem sempre homeopáticas de psicodelia, David Garcia (guitarra), Alberto Barbosa (baixo) e Rennan Tôrres (bateria) formam a Tartarugas de Patinetes.
O power trio já coleciona apresentações memoráveis e já está a todo vapor para o Capibaribe in Rock. A gente convidou o guitarrista David Garcia pra bater um papo sobre esse lance de tartarugas andarem de patinetes e, só por curiosidade, saber o que eles estão aprontando para o festival.
CIR - Como a banda
surgiu e de onde vocês tiraram o nome "Tartarugas de
Patinetes"?
David Garcia - Então, primeiramente gostaria de agradecer em
nome da TDP o convite pra participar desta edição do Capibaribe in Rock, que ao
meu ver, é o maior festival de música alternativa do interior do estado e um
dos maiores do nordeste, e dizer que é uma grande honra pra nós fazermos parte
do lineup deste ano. Eu e o Alberto (baixo) viemos do hardcore e foi na cena hc
que nos conhecemos e nos tornamos amigos. Sempre conversávamos muito sobre
nossas influências em comum e em como poderíamos um dia montar um projeto onde
o hardcore não fosse o personagem principal e a gente pudesse explorar outros
horizontes, mas tudo ficava no papel. Daí conhecemos o Rennan (bateria) que também
vem da mesma escola do hc e que trazia uma inquietação em fazer um som mais
dinâmico semelhante a nossa. Ele era o elemento chave que faltava, não por ser
um bom batera e ter ideias musicais parecidas, mas por termos nos tornado
amigos antes de tudo. O nome vem da idéia de se fazer uma coisa muito difícil
ou pra uns até impossível e que pra nós simboliza resistência. Como os cágados
que vivem no rio Ipojuca que corta nossa cidade e que é um dos mais poluídos do
planeta, eles sobrevivem dia após dia em um ambiente de total podridão e sem
qualquer amparo, é basicamente como nós que vivemos numa sociedade que nos
empurra constantemente pra algo que nos destrói e aliena. Somos tartarugas de
patinetes.
CIR - A Surf Music é um estilo único, que contagia
muita gente quando começa a tocar. Quais são as principais influências de
vocês?
David Garcia - Nossas influências vão de clássicos como Dick
Dale, The Ventures, The Surfaris a nomes mais recentes como Man Or Astro-man?,
Agent Orange, Retrofoguetes, Jubarte Ataca entre outros, mas também bebemos
muito da fonte do rock psicodélico de todas as gerações.
CIR - A banda muitas vezes costuma realizar alguns
"shows relâmpago" nas ruas e praças de Caruaru. Como tem sido o
retorno do público e qual a sensação de tocar ao ar livre de forma tão
espontânea?
David Garcia - Cara, é uma das melhores sensações que tenho
contato como músico, o público tem nos recebido de forma muito positiva, param,
tiram fotos, fazem vídeos, nos cumprimentam, contribuem com algum trocado e
muitos ficam até o final, algumas pessoas também nunca viram uma bateria de
perto ou uma guitarra plugada e isso chama muito a atenção da galera. Por outro
lado isso tem um peso enorme pra nós, pois desde muitos anos nossos pais e avós
já tinham contato com esse tipo de intervenção cultural, que ainda existe através
das bandas de pífano tocando nas feiras e ruas da cidade, então mesmo com outro
formato e estilo de música nós acabamos representamos um pouco dessa ação
cultural tão bonita e antiga que existe em nossa cidade. Agradecemos muito a
todas as bandas de pífano do Brasil.
CIR - Quais os futuros projetos da Tartarugas de
Patinetes?
David Garcia - Atualmente estamos trabalhando muito em
composições pra que no próximo ano a gente possa entrar em estúdio pra gravar
nosso primeiro trabalho de forma independente, mas em paralelo continuamos nos
apresentando e idealizando novas possibilidades de divulgação de nosso trabalho
pela internet que é o maior meio de difusão de projetos como o nosso. Também
existem planos de turnês e pequenos giros com bandas parceiras pela região.
CIR - Por fim, qual a expectativa para o show no Capibaribe in Rock e o que nós podemos esperar?
David Garcia - Estamos totalmente instigados com esse show!
Será nossa primeira apresentação fora de Caruaru e não vemos a hora de subir
naquele palco e mostrar nosso som pro pessoal de Santa Cruz, ainda mais sabendo
que será em um festival como o Capibaribe in Rock, é instiga máxima! A galera
pode esperar um surf music com muito experimentalismo e dosagens lisérgicas de
noises e delays. Mais uma vez agradeço em nome da TDP e espero que todos
divirtam-se. Valeu!
Entrevista: Jorge Luis
Edição: Priscila Moura
Arte: Fellipe Medeiros
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