quarta-feira, 28 de outubro de 2015

ENTREVISTA: LE FREAK (SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE - PE)

Com um show já tradicional no Capibaribe in Rock, a Le Freak soma anos de estrada e uma história de luta pela manutenção da cena alternativa em Santa Cruz do Capibaribe. Apesar de um tempo respeitável apoiando a cena na cidade, só esse ano a banda de indie rock lançou seu primeiro EP. Nós convidamos o vocalista Betto Skin e o baterista Renato para um bate papo sobre o novo trabalho e o que está sendo preparado para o público fidelíssimo ao evento e à banda.


CIR - A Le Freak lançou recentemente o seu primeiro EP. O que vocês podem nos dizer sobre esse material novo?
Betto Skin -  Apesar de serem canções que estão no repertório há bastante tempo, só agora com a estabilidade que a banda conseguiu com essa atual formação, foi que nos sentimos seguros de lançar esse trabalho. Achamos um produtor legal (Rafael Borges, que além de ser um excelente músico é um cara que saca muito de técnicas de estúdio e produção) que captou a essência garageira da banda. Enfim, ficamos muito satisfeitos com o EP.
CIR - Como vem sendo o retorno do público não somente com o EP mas com todo o trabalho feito pela Le Freak?
Betto Skin -  Acho que o cenário alternativo impõe isso, do cara ter que esperar 5, 10 anos para ter seu som descoberto. Mas é isso que nos deixa satisfeitos, aos poucos ser descobertos pelo público underground nos faz muito bem. Somos caras que não dependemos da música em si para sobreviver financeiramente, mas dependemos dela para sobrevivermos como pessoas e aceitar as diversas diferenças impostas pelo dia a dia.
CIR - Na sua opinião, qual a importância de eventos como o Capibaribe in Rock para o movimento underground e alternativo?
Renato - O CIR é o embrião que germinou e sobrevive até hoje disseminando a cultura underground local e dando oportunidade a vários artistas de mostrar o seu trabalho para uma massa, seja ele na música, nas artes plásticas e cênicas ou na literatura escrita e verbal. Digo isso pois todo o evento engloba debates de diversos temas, exposições, apresentações, sessões de cinema entre outros. Claro que a música engloba maior parte do evento, por isso buscamos abrir espaço para a música autoral, o verdadeiro trabalho que mostra a essência de cada artista ou banda. É o maior evento da cena rock e alternativa local até o momento, afinal 18 anos é tempo pra c******. O CIR alcançou sua maioridade.
CIR - A Le Freak já é marca registrada no Capibaribe in Rock, o que podemos esperar da banda agora, após o Lançamento do EP?
Renato - Bem, a acho que muitas bandas já disseram isso que vou dizer, inclusive os sertanejos sempre usam esse argumento. "A Le Freak é uma família" mas é de verdade no nosso caso. Estamos maturando uma forma de fazer música nervosa e eletrizante, buscando passar mais energia para o nosso público, sem muitos artifícios, mas com elementos singulares como as guitarras mirabolantes de Alberto ( Leitãozinho), as dissonâncias vocais de Betto Skin, os chorus saturados de Charles, a calmaria nos graves de Lamark e minhas batucadas imprevisíveis de bateria. É uma sopa de elementos que trazem uma música autoral com letras fortes, mesmo que cantadas em inglês. Esperamos agradar um maior número de pessoas, afinal, todo ano o público aumenta e novos ouvintes estão por vir. Pra quem gosta de indie rock, é uma boa recomendação.
CIR - Qual a expectativa da banda pra mais uma apresentação no Capibaribe in Rock?


Betto Skin -  A melhor possível, com certeza será um show energético e com novidades!

Entrevista: Jorge Luis
Edição: Priscila Moura
Foto: Le Freak

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ENTREVISTA: EFÊMERA (GARANHUNS - PE)

Direto de Garanhuns, cidade conhecida pelo festival anual de inverno, a Efêmera é uma banda alternativa que tem pouco mais de um ano de vida, mas já coleciona inúmeras conquistas junto ao público.

A banda, que foi a grande vencedora da promoção Batalha de Bandas do Capibaribe in Rock, promete trazer um show especialmente preparado para o público de Santa Cruz do Capibaribe e, claro, para os fãs sempre fieis que ajudaram a Efêmera a conquistar uma vaga no festival. O blog conversou com o vocalista Ciço Poeta sobre a cena de Garanhuns, fita cassete e o disco novo, Zarpar. Confere aí.


CIR - Você são de Garanhuns, cidade bastante conhecida pelo festival de inverno. Como é a cena alternativa atual da cidade?

EF - A cena de alternativa de Garanhuns é muito grande, temos muitos artistas bons, muitos mesmo, bandas que mereciam destaque nacional, seja no rock, raggae, no rap e na música regional, porém temos pouco espaço e geralmente os eventos que rolam na cidade são na maioria gratuitos, pois os poucos espaços para eventos que temos na cidade são muito pequenos e não oferecem uma boa estrutura. Mesmo assim Garanhuns continua produzindo e exportando muita música na cena alternativa.
Garanhuns é conhecida como a cidade do Festival de Inverno, porém os artistas da cidade e região não tem a visibilidade e nem o respeito que merecem, na ultima edição do FIG pouquíssimos artistas da cidade conseguiram entrar na grade do festival, mas não foi por falta de mérito cultural, foi por falta respeito da nossa Secult, que impôs um cachê limite com um valor baixíssimo para os artistas da cidade e tratou a todos com desprezo. Já faz muito tempo que o Festival de Inverno de Garanhuns se tornou o Festival de Inverno da Fundarpe, por isso só os artistas do Recife tem preferência.

CIR - No primeiro semestre do ano vocês lançaram o primeiro álbum de vocês, com elementos ligados ao indie e alternative rock. Quais as influências da banda?

EF - As primeira influências da banda foram a Trummer SSA, do grande Fabio Trummer (banda Eddie), e a banda O Terno, as quais eu, Ciço Poeta, conheci durante uma das apresentações do FIG em que me apresentei com outra banda (a Tatu Goiaba). Desde então fiquei ligado naquele som e no outro mês eu pensei, tenho que fazer um trabalho assim. Comecei a ouvir O Terno, a Trummer SSA, Vivendo do Ócio, Vespas Mandarinas, Arctic Monkeys, Kongos, Katastro, e a Banda do Mar. Essas foram as influências para iniciar as composições, quando a banda foi formada, eu já tinha feito 3 músicas, foi então que as influências dos demais membros começaram temperar o projeto, as influências vieram de Raimundos, Charlie Brown Jr, Nação Zumbi, Pitty, Barão Vermelho, Medula, Red Hot, Nirvana... Enfim, uma porrada de banda de rock que sempre fez um som alternativo.

CIR - Vocês lançaram o Zarpar também em formato K7 (cassete). Como é a relação da banda com essa volta de formatos antigos de distribuição, como o vinil e o próprio cassete?

EF - Quando pensamos no projeto de rock alternativo, pensamos na cena alternativa em si, ou seja, no movimento independente. Todo o disco foi produzido de forma independente. Hoje temos a tecnologia que facilitou muito a vida das bandas que seguem essa linha, porém antigamente, digo a uns 20 anos atrás, a coisa era diferente. A forma que as bandas tinham para produzir seus álbuns independentes era o K7, daí o famoso termo “fita demo”. Por isso pensei em trazer um pouco desse resgate histórico e usar as fitas.
O álbum todo foi gravado de forma digital, a gravação das fitas foi apenas a conversão do áudio digital para o analógico usando um gravador antigo. Pensamos também em fazer no formato de vinil, porém o vinil custa muito caro e não cabe ainda no nosso orçamento. Já as fitas cabem perfeitamente. Tentamos fazer contato com gravadoras que trabalham com esse formato aqui no Brasil, porém não tivemos resposta de nenhuma delas, daí fizemos nós mesmos. Por enquanto a fita é apenas um souvenir da banda e ainda não está a venda, mas a partir do próximo ano teremos uma tiragem legal de fitas e poderemos por a venda.

CIR - A Efêmera foi a grande ganhadora da Batalha de bandas, promoção que garantiu a participação da banda no Capibaribe in Rock 2015. Quais as expectativas para o show?

EF - Estamos muito animados pra esse evento! Essa será a terceira apresentação da Efêmera, mas já somos bem acostumados com os palcos e montamos um show bem elaborado para o Capibaribe In Rock.

CIR - Os fãs foram decisivos para essa conquista (Batalha de Bandas). Como é a relação de vocês com essa galera?

EF - Sim, os fãs foram totalmente decisivos para essa conquista. Nossa relação com os fãs é muito bacana, pois mesmo a banda tendo feito poucos shows e tendo apenas um ano de formação, muitas pessoas já conhecem nosso trabalho, inclusive de outros projetos, como a Tatu Goiaba que tem Ciço Poeta e Rafael Felipe e a PE-5 que fazem parte Cezar Oliveira e Jameson Patrych, além de outros projetos de cada membro. A maior parte das pessoas conheceu a banda pela internet, e isso nos deixou muito felizes. Antes de lançar o álbum apresentamos duas músicas e a resposta foi bem positiva. Quem ouviu as músicas ficou bem ansioso pelo álbum. Cada membro da banda e seus familiares pediu para que os amigos ajudassem a banda na batalha, mas muitos votos vieram de fãs que não conhecíamos, inclusive de muitas pessoas de Santa Cruz do Capibaribe que ouviram o som, gostaram e chamaram os amigos para conhecer e ajudar a levar a banda ao evento. Esse envolvimento foi muito bonito, muitas pessoas passaram a conhecer a banda a partir do concurso, por isso somos muito gratos a todos que nos ajudaram.

Entrevista: Priscila Moura
Foto: Efêmera

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

ENTREVISTA: VERDES & VALTERIANOS (RECIFE/OLINDA - PE)

Com um som que promete fazer o seu esqueleto vibrar involuntariamente, a Verdes e Valterianos faz parte de uma cena em constante movimento e reinvenção em Pernambuco, conhecida por revelar grandes bandas no país.

Munidos de influências que vão do folk ao psicodélico, sempre flertando com nuances vibrantes e letras cheia de sarcasmo, a banda que nasceu no meio do caminho entre Recife e Olinda trás seu show pela primeira vez ao palco do Capibaribe in Rock. O baixista Diego Gonzaga topou um papo com a gente sobre a cena pernambucana, extraterrestres no Recife Antigo e, claro, as expectativas para o festival.



CR - Qual a origem do nome Verde & Valterianos?

V&V - Digamos que o nome da banda surgiu antes do nascimento da banda:
Certa noite estávamos: Diego Blues (guitarra), Matheus Pinheiro (voz) e Eu (Diego Gonzaga), bebendo em uma barraca na rua da aurora (Barraca do Jesus), estávamos batendo um papo quando um senhor de mais ou menos uns 95 anos, bem arrumado, com o cabelo penteado com maestria, começou a puxar um papo, contar umas historias (Sabe aquelas histórias de coroa que sempre se dá bem na malandragem?).
Já perto da meia noite o coroa falou que tinha que ir embora, começou a ficar meio nervoso, saca? começou a falar que precisava partir, que iria acabar perdendo sua carona e o mais doido de tudo: Começou a falar um papo de ter sido abduzido por um povo de outro planeta chamado Valterio, que orbitava a estrela Alpha Centauro A e que todos nesse planeta tinham a pele verde e brilhante. Começou a contar que os habitantes do planeta eram pacíficos, gostavam de boa musica, que a força motriz do planeta eram as pernas de seus habitantes que em momento algum poderiam parar de caminhar...
Depois de contar essa história o  coroa tomou sua última lapada de cana e saiu andando até sumir na distância.
Isso é do que lembramos depois de alguns goles de breja, daí resolvemos homenagear esse coroa.
HAHAHAHAHA!    

CR - O som de vocês tem influências que vão do folk ao psicodélico. Como vocês definem o som da Verdes & Valterianos?

V&V - Na verdade, a gente nem busca tanto uma definição pro som da banda, tocamos algo ligado ao que nos influência musicalmente  que vai de Tom Zé à Stevie Ray Vaougham, de The Pretty Things à Milton Nascimento; principalmente a musica brasileira das décadas de 60 e 70. A idéia é tentar fazer algo que nos faça sentir bem e que traga alguma energia também a quem nos escuta sem forçar a barra. Fazemos tudo isso com a nossa cara mas sem uma cara, saca? A definição, na verdade, vem de quem nos escuta ou vê nosso show. Sempre vai existir uma definição diferente, já que a musica é viva e sempre ganha novas caras. Os Beatles por exemplo começaram como " Os reis do Iê Iê Iê" e terminaram como uma das bandas mais influentes do rock Psicodélico.

CR - Vocês fazem parte de uma cena marcada pela mistura de rock com elementos regionais e que ganhou bastante visibilidade com o mangue beat, há cerca de duas décadas. Como vocês descrevem a cena atual de Recife e Olinda?

V&V - Muita coisa bacana acontece e não só nesse eixo Recife/Olinda, Pernambuco é um berço cultural/Musical muito forte não só no main stream como no Undergroud o que inclusive foi tema de capa da revista Continente da edição se setembro. A idéia do " Faça você mesmo" é algo muito forte e isso mantém a chama. Existe ainda em algumas situações aquela ausência de "Virar os Olhos" pro que é de casa , mas a idéia é buscar essa espiadela. Coisas acontecem, músicas nascem. Temos festivais muito bons, alguns estão entre os principais do país e outros que ainda vão chegar lá...Além disso, mesmo com algumas divergências, existe uma união em prol de um bem maior que é de fazer a coisa acontecer.

CR - Em Março vocês lançaram online o single Mr. Superior, além de participar de iniciativas que levam música de forma gratuita para o público e também de participar de vários shows no meio universitário. Como é a relação da banda com essa questão da divulgação e da música free?

V&V - Hoje vários músicos pelo mundo utilizam a divulgação free de sua música e não só novos músicos. Para nós que somos uma banda ainda "bebê", não há outra forma de mostrar nosso trabalho. Hoje, com várias ferramentas digitais que possibilitam essa divulgação ganhamos um espaço muito bom, apesar dessa divulgação ser on demand. Em outras épocas se pagava pra ter sua música divulgada e o fato de existirem pessoas que ouvem sua música apenas pelo prazer de ouvi-la é algo muito gratificante.
Sobre os shows, a vida de músico é muito difícil (risos), porém, todos já passaram por isso mas é com esse trabalho "gratuito" que temos a oportunidade no inicio de mostrar e de fazer valer apena nosso esforço. E é por consequência disso que teremos o retorno. Hoje, com a tecnologia, temos uma produção e divulgação muito grande de conteúdo musical e provalmente não  um grande consumo se tivéssemos que pagar por tal.

CR - Quais as expectativas para o Capibaribe in Rock 2015? Já conheciam o festival?

V&V - Bom, conhecemos o festival a um tempo inclusive. Já tínhamos a vontade de participar  com um de nosso antigos projetos, porém acabou que o projeto acabou (risos). Nívea e Diego Gonzaga já foram uma vez sacar o evento e gostaram muito do que viram, gostaram da ligação que o publico tem com o evento e da energia que circula o lugar. Uma das coisas mas bacanas é que viram vários cartazes colados pela cidade, uma verdadeira invasão.

A idéia de tocar fora do eixo Recife/Olinda é algo muito interessante, o publico tem outros olhares, outras exigências, etc. Inclusive esse será o nosso primeiro show fora de Recife e mesmo tendo feito alguns shows bem bacanas, rola uma expectativa de como seremos recebidos, saca? O Capibaribe In Rock é um festival de tradição, buscaremos levar e trazer algo que fique em nossas memórias. 


Entrevista: Priscila Moura (@blue_journalist)
Foto: Verdes & Valterianos

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

CAPIBARIBE IN ROCK ENTREVISTA: BETH MORFINA (SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE - PE)

Surgindo com o fim da banda TR7, a Beth Morfina promete vir com tudo para o Capibaribe in Rock 2015, mostrando sua vibe punk rock e também as músicas que compõe o EP “Nada Além”, lançado esse ano pela banda e que tem sido recebido com elogios.

Conversamos com o vocalista da banda, Alex, que junto de Marcos Malta no baixo, Daniel Alves na Guitarra e Reyner Figueiredo na bateria, estão loucos para mostrar seu som e quebrar tudo!



CIR - Sabemos que os membros da Beth Morfina fizeram parte da TR7 num passado bem recente. Quais foram as mudanças entre as bandas?

BM - As mudanças começam logo pelo gênero da banda. A TR7 era pop rock, decidimos então montar a Beth Morfina com influências do punk, do grunge e do rock n' roll clássico. Bandas como Titãs, Camisa de Vênus, Devotos, Nirvana, são fortes influências.

CIR - Vocês acham que o Punk Rock é um estilo musical que ainda precisa de espaço na nossa região?

BM - Cara, falta espaço para o punk assim como pra todas as outras vertentes do rock, da música alternativa. Acho que falta um movimento punk por aqui. A galera se mobilizar na onda do “Do It Yourself”, o faça você mesmo como conhecemos, meter a cara e fazer um som, um som próprio, de atitude.

CIR - A Beth Morfina lançou o EP "Nada Além" recentemente. Como vem sendo o retorno do pessoal em relação ao EP?

BM - O retorno mais massa que se possa imaginar. A galera tem curtido bastante e sempre nos procuram, falam das músicas, de suas favoritas e isso é muito massa. Recebemos elogios de caras como Paulo Miklos (Titãs), Clemente Tadeu  (Inocentes, Plebe Rude). Tem sido bem massa.

CIR - A gente falou de movimento alternativo agora há pouco, na sua opinião, qual a importância de eventos como o Capibaribe in Rock para o movimento?

BM - Eventos como o Capibaribe in Rock são a salvação de bandas alternativas. O CIR foi o evento que me fez querer ter uma banda e me fez ver que teria onde tocar. Eu sempre digo, se um evento como esse acaba, muita banda acaba junto.

 CIR - Por fim, qual a expectativa de todos os membros da Banda e o que o público pode esperar para o show da Beth Morfina no Capibaribe in Rock 2015?


BM - A expectativa é a melhor! Contando os dias, querendo que chegue logo! A galera pode esperar um show bem nervoso, um show louco! Estamos animados! (risos).

Entrevista: Jorge Luis
Edição: Priscila Moura
Foto: Beth Morfina