terça-feira, 16 de outubro de 2012

Entrevista - Hanagorik

Conversamos com Tuca ''McArthur'' Araújo, guitarrista da banda Surubinense. Confira.
1) Depois de 21 anos de carreira, o que representa essa nova fase da banda?
Acho que depois de tantos anos juntos, hoje vivemos um momento mais sereno, alguns casaram e tem filhos, a percepção do mundo e das coisas acabam sendo afetadas por tudo isso e com certeza sua arte também!
2) A nova sonoridade remete ao lado mais pesado do Grunge: STP, Soundgarden. Mas também existem ecos de Stoner Rock, vide Queens of the Stone Age, Velvet Revolver, nesse novo rumo?
Cara, acho que voltamos ao início de nossa carreira depois de percorrer um longo caminho por um território mais pesado, coisas como Pearl Jam, Stone Temple Pilots e Soundgarden foram importantíssimos na formatação de nosso som no início, depois travamos contato com o Sepultura, Pantera e Metalica então ficamos mais pesados. Acho que agora nos reencontramos com o som que habita em nosso coração como essas bandas que citei, e também Beatles ,Sabbath, Zeppelin e Rock and roll em geral. O peso continua lá, porém mais como intensidade ao invés de barulho!
3) A entrada dos novos integrantes, Roberto e Mano, acrescentaram em que nessa nova guinada, afinal, eles são de geração diferentes? Com o que cada um contribuiu nisso?
Roberto (Mateus, Teclados) trouxe um lado que exploramos no início da carreira, mas que depois deixamos de lado que é o uso dos teclados como” textura e climas” sempre gostamos do uso desse instrumento por bandas como Deep Purple e Led Zeppelin, tendo cuidado para não exagerar, e sim usá-lo como mais um elemento que faça nosso som mais grandioso. Mano trouxe ‘’sangue novo’’ mesmo, tem apenas 16 anos e uma vitalidade que só a mera juventude pode justificar, e em um instrumento como bateria isso é mais que bem vindo.
4) Onde se encaixa os teclados, instrumento pouco usado pela banda nos últimos tempos, e que de repente aparece nos arranjos atuais?
O teclado numa banda como a nossa funciona como aquele jogador de futebol que aparece pouco, porém faz o time deslanchar na hora que é preciso, às vezes o “não tocar” é tão importante quanto meter a mão nas teclas.
5) A belíssima ‘’The winter song’’ também remete ao Britpop. Como não ouvimos todas as novas canções, imagino um som parecido com o Seahorses (banda do ex-Stone Roses John Squire, que faz essa mescla de peso com melodias), fundido com as influências mais pesadas já citadas, é isso?
Cara, como todo álbum do Hanagorik você vai encontrar músicas bem díspares, porém dentro de uma coerência que permeia todo o trabalho, se forem julgar ou imaginar o novo trabalho da banda por ‘’The winter song’’ vão dar com os burros n’água (risos), pois algumas contribuições minhas ou de Tontonho, por exemplo não tem nada a ver com a música citada.
6) O que as letras abordam atualmente? Tá todo mundo paz e amor, ou é só Gordinho (J. Jones, vocalista)?
As letras estão mais subjetivas até mesmo pelo som e pelos arranjos, quanto mais pesada a música a tendência é fazer letras mais diretas, porém quando se faz uma música como ‘’The winter song’’ por exemplo, levamos a coisa por um lado mais lírico mesmo.
7) O Hanagorik sempre foi referência no Metal em PE, sendo bastante elogiados pela crítica e principalmente pelo público? O que a banda adquiriu de experiência neste universo?
Ganhamos respeito, amizades e reconhecimento, o fan de metal é muito fiel e por isso mesmo, muito exigente e não aceita se você trilha outro caminho, mas jamais nos prendemos a isso, desde álbuns como Uncivil (1996) e For kids some with problems (1999) gravamos o que queríamos: baladas, ‘’Everybody knows’’ e psicodelismo ‘’Streets of Berlin’’, então acho que nossos fãs estão acostumados a encontrar coisas estranhas ao “mundo metal” em nosso trabalho, e é como sempre falo não gostou da música passa pra próxima faixa.
8) E quantos as ‘’viúvas’’ da velha sonoridade, você sabe que alguns torcerão o nariz, o que a banda tira de experiência disso?
Sempre fizemos música para nos agradar primeiramente, esses caras com quem trabalho há 21 anos e conheço há 30, são os críticos mais ferrenhos de sua própria música, para uma música passar pelo nosso crivo e sair em um álbum sempre foi e será uma guerra, desde os arranjos a letras. Nunca vimos música como uma ciência exata em que 2+2 são 4 e nunca nos prendemos a formas e estilos , quando quisemos fazer um lance mais metal fizemos o ‘’For kids..., quando resolvemos ser mais leves fizemos músicas como ‘’The noise’’, e quando resolvemos gravar ‘’Save a prayer’’ do Duran Duran é porque aquela canção tinha um significado emotivo para nós que vivemos os anos 80, então os que torcem o nariz para a “nova” sonoridade que de nova não tem nada, pois passeamos por todos esses lugares em algum momento de nossa carreira, recomendo que casem, tenham um filho lindo como eu, sejam menos xiitas, vivam a vida, pois como dizia o mestre George Harrison, “All things must pass”.
9) Como é voltar a tocar num festival onde vocês foram os principais incentivadores para que acontecesse? Como é ter um filho de 15 anos?
Primeiramente é uma honra e um prazer incrível ser amigo/irmão de seu criador, Betto Skin, nessa vida poucas coisas valem à pena e uma delas é a verdadeira amizade, o carinho que temos por esse careca é enorme e acreditamos ser recíproco. O festival está mais que consolidado e sabemos que é uma luta fazê-lo, porém não conseguimos imaginar mais a cidade de Santa Cruz do Capibaribe sem esse que é um grito de liberdade de expressão e uma peça de resistência do rock no interior, às vezes não temos idéia de nossos atos no momento em que estamos realizando, mas tenho a certeza que as futuras gerações do Rock em Santa Cruz e na região terão uma dívida com esse movimento e com pessoas como Roberto Oliveira (aka Betto Skin).
10) Como será o repertório do show? Será que pinta algum clássico ou alguma surpresa?
Surprise!!! Surprise!!!
Clip - The winter song
http://www.youtube.com/watch?v=PJPTtSQftbY&feature=share

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