Munidos de influências que vão do folk ao psicodélico, sempre flertando com nuances vibrantes e letras cheia de sarcasmo, a banda que nasceu no meio do caminho entre Recife e Olinda trás seu show pela primeira vez ao palco do Capibaribe in Rock. O baixista Diego Gonzaga topou um papo com a gente sobre a cena pernambucana, extraterrestres no Recife Antigo e, claro, as expectativas para o festival.
CR - Qual a origem do nome Verde &
Valterianos?
V&V - Digamos que o nome da banda surgiu antes do nascimento da
banda:
Certa noite estávamos: Diego Blues (guitarra), Matheus Pinheiro (voz) e Eu (Diego
Gonzaga), bebendo em uma barraca na rua da aurora (Barraca do Jesus), estávamos
batendo um papo quando um senhor de mais ou menos uns 95 anos, bem arrumado,
com o cabelo penteado com maestria, começou a puxar um papo, contar umas
historias (Sabe aquelas histórias de coroa que sempre se dá bem na malandragem?).
Já perto da meia noite o coroa falou que tinha que ir embora,
começou a ficar meio nervoso, saca? começou a falar que precisava partir, que
iria acabar perdendo sua carona e o mais doido de tudo: Começou a falar um
papo de ter sido abduzido por um povo de outro planeta chamado Valterio, que
orbitava a estrela Alpha Centauro A e que
todos nesse planeta tinham a pele verde e brilhante. Começou a contar que os
habitantes do planeta eram pacíficos, gostavam de boa musica, que a força motriz
do planeta eram as pernas de seus habitantes que em momento algum poderiam
parar de caminhar...
Depois de contar essa história o
coroa tomou sua última lapada de cana e saiu andando até sumir na
distância.
Isso é do que lembramos depois de alguns goles de breja, daí resolvemos homenagear esse coroa.
HAHAHAHAHA!
CR - O som de vocês tem influências que vão do
folk ao psicodélico. Como vocês definem o som da Verdes & Valterianos?
V&V - Na verdade, a gente nem busca tanto uma definição pro som
da banda, tocamos algo ligado ao que nos influência musicalmente que vai de Tom Zé à Stevie Ray Vaougham, de
The Pretty Things à Milton Nascimento; principalmente a musica brasileira das décadas
de 60 e 70. A idéia é tentar fazer algo que nos faça sentir bem e que traga
alguma energia também a quem nos escuta sem forçar a barra. Fazemos tudo isso
com a nossa cara mas sem uma cara, saca? A definição, na verdade, vem de quem
nos escuta ou vê nosso show. Sempre vai existir uma definição diferente, já que
a musica é viva e sempre ganha novas caras. Os Beatles por exemplo começaram
como " Os reis do Iê Iê Iê" e terminaram como uma das bandas mais
influentes do rock Psicodélico.
CR - Vocês fazem parte de uma cena marcada
pela mistura de rock com elementos regionais e que ganhou bastante visibilidade
com o mangue beat, há cerca de duas décadas. Como vocês descrevem a cena atual
de Recife e Olinda?
V&V - Muita coisa bacana acontece e não só nesse eixo
Recife/Olinda, Pernambuco é um berço cultural/Musical muito forte não só no
main stream como no Undergroud o que inclusive foi tema de capa da revista
Continente da edição se setembro. A idéia do " Faça você mesmo" é
algo muito forte e isso mantém a chama. Existe ainda em algumas situações aquela
ausência de "Virar os Olhos" pro que é de casa , mas a idéia é buscar
essa espiadela. Coisas acontecem, músicas nascem. Temos festivais muito bons,
alguns estão entre os principais do país e outros que ainda vão chegar lá...Além
disso, mesmo com algumas divergências, existe uma união em prol de um bem maior
que é de fazer a coisa acontecer.
CR - Em Março vocês lançaram online o single
Mr. Superior, além de participar de iniciativas que levam música de forma
gratuita para o público e também de participar de vários shows no meio universitário.
Como é a relação da banda com essa questão da divulgação e da música free?
V&V - Hoje vários músicos pelo mundo utilizam a divulgação free
de sua música e não só novos músicos. Para nós que somos uma banda ainda
"bebê", não há outra forma de mostrar nosso trabalho. Hoje, com várias
ferramentas digitais que possibilitam essa divulgação ganhamos um espaço muito
bom, apesar dessa divulgação ser on demand. Em outras épocas se pagava pra ter
sua música divulgada e o fato de existirem pessoas que ouvem sua música apenas
pelo prazer de ouvi-la é algo muito gratificante.
Sobre os shows, a vida de músico é muito difícil (risos), porém,
todos já passaram por isso mas é com esse trabalho "gratuito" que
temos a oportunidade no inicio de mostrar e de fazer valer apena nosso esforço.
E é por consequência disso que teremos o retorno. Hoje, com a tecnologia, temos
uma produção e divulgação muito grande de conteúdo musical e provalmente
não um grande consumo se tivéssemos que
pagar por tal.
CR - Quais as expectativas para o Capibaribe
in Rock 2015? Já conheciam o festival?
V&V - Bom, conhecemos o festival a um tempo inclusive. Já tínhamos
a vontade de participar com um de nosso
antigos projetos, porém acabou que o projeto acabou (risos). Nívea e Diego
Gonzaga já foram uma vez sacar o evento e gostaram muito do que viram, gostaram
da ligação que o publico tem com o evento e da energia que circula o lugar. Uma
das coisas mas bacanas é que viram vários cartazes colados pela cidade, uma
verdadeira invasão.
A idéia de tocar fora do eixo Recife/Olinda é algo muito
interessante, o publico tem outros olhares, outras exigências, etc. Inclusive
esse será o nosso primeiro show fora de Recife e mesmo tendo feito alguns shows
bem bacanas, rola uma expectativa de como seremos recebidos, saca? O Capibaribe
In Rock é um festival de tradição, buscaremos levar e trazer algo que fique em
nossas memórias.
Entrevista: Priscila Moura (@blue_journalist)
Foto: Verdes & Valterianos
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