quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Entrevista: Orquídeas Francesas (Campina Grande - PB)

Surgida em 2005 em Campina Grande, Paraíba, a Orquídeas Francesas é referência quando o assunto é gothic rock no Brasil. Recentemente os caras lançaram três singles que vão fazer parte do primeiro álbum da banda, com previsão de lançamento para novembro de 2014. O blog chamou o vocalista Michael Bruno e o baixista Diogo Almeida para falar um pouco sobre as novidades da banda ainda para esse ano e, claro, sobre o debut no Capibaribe In Rock.


Como a Orquídeas Francesas surgiu?

Michael Bruno: Em 2004, quando voltei a morar na minha cidade natal (Campina Grande) tive a ideia de montar o primeiro projeto voltado para a música obscura com referências de bandas do final dos anos 70 e década de 80, assim que consegui reunir uma galera, sugeri três nomes para batizar o projeto, que eram “Underpop 80´s”, “Gotham”, e “Orquídeas Francesas”, que é uma referência a um incenso homônimo. Este último foi o nome escolhido. 

Vocês costumam chamar o estilo da banda de gothic-rock, mas vocês também têm uma sonoridade que bebe direto da fonte do post-punk. Quais as maiores influências da OF?

Michael Bruno: Particularmente, minhas maiores influências são bandas como The Cure, Bauhaus, The Sisters Of Mercy, Joy Division, The Mission, The Smiths, Depeche Mode; e artistas nacionais, como o Zé Ramalho e o poeta Augusto dos Anjos.


Vocês são de Campina Grande, conhecida por ter o maior São João do mundo. Como é ser uma banda gótica do interior do nordeste, onde o forró é supervalorizado?

Michael Bruno:Eu fundei este projeto porque justamente as pessoas são abertas para outras sonoridades. Sabemos que existe o meio alternativo presente em todos os lugares do mundo, aqui também não é diferente, existe uma grande cena que se movimenta e se articula para conquistar seu devido espaço. Sabemos das dificuldades, mas isso não altera o nosso enredo.Quanto ao São João, se um dia você vier em Campina Grande, vai notar que é uma cidade que é muito à frente do seu tempo, em virtude disso as tradições e festas populares são deixadas de lado cada vez mais, ano após ano.

Diogo Almeida: A questão de ser uma banda gótica no interior do nordeste também é interessante. Somos a primeira banda do estilo na Paraíba, e uma das primeiras na região. Na época em que a OF surgiu, outras bandas em outros estados também apareceram, e é curioso notar que as mais conhecidas do Brasil figuram como sendo de estados nordestinos. Só em Campina Grande existem duas bandas góticas atuando, e uma terceira existiu por pouco tempo. No Ceará e em Recife também existe uma cultura gótica muito forte e mais ainda existe em Salvador, berço do axé e do carnaval, onde existem várias bandas neste estilo. Talvez a invasão holandesa por estas bandas na época da colonização pode ter contribuído para este despertar inconsciente destes estilos tradicionalmente europeus (risos). 

O Mick Mercer, um dos maiores jornalistas de gothic-rock do mundo (que inclusive já foi fotógrafo do Blondie) constantemente discoteca as músicas da OF no programa de rádio online dele em Londres. Vocês já tiveram algum contato com o Mick?

Michael Bruno:Para nós é uma honra poder fazer parte da playlist dele, tivemos contato através do Facebook, quando dei a ideia de mandar os três singles que gravamos recentemente. Seria uma honra maior se tivéssemos ele como fotógrafo oficial da banda (rsrs) mas temos uma boa equipe de divulgação, a começar pelo próprio baixista da banda que é jornalista.

Diogo Almeida: o Michael descobriu que o Mick tinha uma rádio online e mandou para ele nosso single ‘Escuridão’. De prontidão, o Mick ouviu e para nossa surpresa, no domingo da mesma semana foi discotecada na playlist dele. Daí Michael falou comigo e eu me encarreguei de fazer o contato mais próximo com o Mercer através de mensagens privadas. Mandei pra ele um release sobre a banda, conversamos e ficou acordado que mandaríamos os outros singles. Daí conforme lançamos, ele discotecava, e antes de tocar a música, ele faz um comentário sobre a opinião dele a respeito dela, sempre positivos! Curioso também notar que em 2011 o Mick já havia ouvido duas músicas nossas em uma coletânea lançada com músicas de bandas brasileiras de gothic rock. Ele também fez um review curto sobre estas músicas e publicou em um de seus fanzines em pdf que ele disponibiliza em seu site.

Afinal, de onde surgiu o nome “Orquídeas Francesas”?

Michael Bruno:De um incenso homônimo, que hoje em dia não se encontra em nenhum lugar.

 Além do EP “GlamGothic-Rock”, de 2007, vocês lançaram três singles esse ano que vão fazer parte do primeiro album da banda. Como está sendo o processo de confecção desse material? O que os fãs podem esperar dele?

Michael Bruno: Esses três singles são uma prévia de como vai ser o nosso primeiro álbum intitulado de “Kamikaze”, com músicas sombrias, mas que tentam passar uma mensagem real, até porque vários temas estão embasados nas letras da OF.No momento estamos finalizando as músicas, tão logo sejam finalizadas, correremos atrás de patrocínios para confeccionar a parte gráfica e passar para  a mídia física. Esse álbum vai ser um estouro, todos irão se identificar com pelo menos uma das músicas.

E essa história do nome da banda aparecer num livro didático de circulação nacional é verdade mesmo? Como vocês ficaram sabendo?

Michael Bruno: Foi apenas uma citação em um livro do ensino médio, na parte da literatura, onde se lia “o Gótico e a música”. Mas por ter circulação nacional, já desperta interesse em outras pessoas conhecerem o nosso som.

Diogo Almeida: Ficamos sabendo inicialmente por conta de um aluno que tem o livro e que é fã da banda. Ele fotografou e encaminhou pra gente. É um livro do segundo ano do ensino médio, adotado pelo MEC desde 2012 até 2014. Foi uma surpresa legal, principalmente por saber que das bandas citadas somos uma das únicas que estamos funcionando firme e forte. Pessoalmente, depois que fiquei sabendo disso fui até um sebo atrás de conseguir a minha cópia do livro.

Qual a expectativa para o Capibaribe In Rock 2014? Já conheciam o festival?

Michael Bruno: A expectativa é sempre a melhor possível, esperamos que o público goste de nossas músicas, espero poder fazer novas amizades, estamos ai pra isso. O festival eu conheci através de postagens de amigos que foram nas edições passadas, espero poder ir outras vezes como expectador.

Diogo Almeida: Não conhecia o festival nem a cidade pessoalmente e vai ser um prazer conhecer. A expectativa é de que vai ser muito foda. A galera vai poder conhecer nosso trabalho e temos certeza que o público também vai nos contagiar no palco e que todo o evento será um belíssimo espetáculo.


Pra conhecer mais um pouco do trabalho da Orquídeas Francesas, é só dar uma passada no site dos caras (http://www.orquideasfrancesas.com/) ou o soundcloud (https://soundcloud.com/orquideasfrancesas). A banda de Campina Grande se apresenta no domingo, dia 16 de novembro, no Capibaribe In Rock 2014.

Entrevista: Priscila Moura
@blue_journalist

Fotos: Arthur Miná

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